Bancos devem comunicar sobre contas suspeitas de ligação com bets ilegais

Bancos devem comunicar sobre contas suspeitas de ligação com bets ilegais

Com bloqueio de 11 mil sites, nova portaria exige notificação de movimentações irregulares em até 24 horas

Bets ilegais – O governo federal intensificou o combate às apostas ilegais no Brasil ao estabelecer novas regras que obrigam bancos e instituições financeiras a notificarem movimentações suspeitas associadas a esse tipo de atividade. A medida surge após o bloqueio de mais de 11 mil sites não autorizados e faz parte de uma estratégia mais ampla para regular o setor.

Desde outubro de 2024, apenas plataformas autorizadas pelo Ministério da Fazenda, identificadas pelo domínio “.bet.br”, estão legalmente aptas a operar no país. Atualmente, 159 sites estão regulares, operando sob 73 autorizações concedidas a 71 empresas. Cada licença custa R$ 30 milhões e permite o funcionamento de até três plataformas.

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A nova portaria, publicada em 20 de março de 2025 pela Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA), determina que suspeitas de movimentações financeiras relacionadas a apostas ilegais devem ser comunicadas ao governo em até 24 horas.

As instituições devem fornecer dados detalhados do titular da conta, informações sobre as transações e eventuais medidas adotadas, como bloqueio ou encerramento da conta.

“ é fazer com que as instituições de pagamento e as instituições financeiras nos ajudem, cumprindo um dever legal”, afirmou Regis Dudena, secretário da SPA. “É importante que elas compartilhem com o Ministério da Fazenda informações sobre quem são esses agentes que estão atuando ilegalmente no setor de apostas”, acrescentou.

Desde a entrada em vigor da medida, a secretaria recebeu nove notificações que resultaram no bloqueio de 32 contas bancárias ligadas a operações irregulares.

Segundo Dudena, além da colaboração dos bancos, a própria secretaria realiza simulações em sites ilegais — incluindo cadastros e depósitos fictícios — para identificar quais instituições estão facilitando transações proibidas.

A Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL) também participa do monitoramento, identificando cerca de 10 mil plataformas clandestinas.

As instituições que descumprirem as obrigações legais poderão ser punidas com advertências, multas de até R$ 2 bilhões e até exclusão de processos licitatórios.

Proteção ao apostador

Apesar do foco nas plataformas ilegais, o governo afirma que o objetivo não é penalizar os apostadores, mas sim protegê-los. Dudena reforça que as apostas devem ser vistas como entretenimento, e não como fonte de renda.

“A aposta é um meio de entretenimento para se perder dinheiro. As pessoas precisam começar a internalizar essa ideia. Você põe o seu dinheiro à disposição e perde esse dinheiro, porque isso é um entretenimento para você”, explicou o secretário.

De acordo com estimativas divulgadas pelo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, e pelo secretário-executivo do órgão, Rogério Lucca, os brasileiros movimentam entre R$ 20 e R$ 30 bilhões por mês em apostas online.

Os dados foram apresentados durante uma audiência na CPI das Apostas Esportivas, criada para investigar o impacto desses jogos no orçamento das famílias e possíveis ligações com organizações criminosas.

Arrecadação em crescimento

O setor de apostas de quota fixa já gerou aproximadamente R$ 2 bilhões em outorgas para os cofres públicos. A Receita Federal ainda está consolidando os dados relacionados à arrecadação tributária do setor. A expectativa do governo é que, com a regularização e fiscalização mais rígida, a contribuição do segmento para a economia aumente significativamente nos próximos anos.

Com o reforço da regulação e a articulação entre diferentes órgãos, o governo busca fechar o cerco contra as apostas clandestinas e ampliar a segurança dos consumidores brasileiros.

(Com informações de g1)
(Foto: Reprodução/Freepik/Burdun)

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